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COMPORTAMENTO INFANTIL
LEV VIGOTSKY 
HENRI WALLON

Vygotsky (Lev Vygotsky, 1896-1934)

A teoria sociocultural de Vygotsky, defende que o desenvolvimento cognitivo e comportamental da criança é intrinsecamente sociocultural. Ou seja, é um processo evolutivo em que as funções psicológicas se desenvolvem nas relações entre indivíduos a partir de internalizações de formas culturais de comportamento. A criança nasce com funções psicológicas elementares que se desenvolvem a partir do aprendizado da cultura onde vive (hábitos, costumes, crenças, valores, comportamentos...). Nesse contexto sociocultural as funções elementares se transformam em funções psicológicas superiores (ações conscientes, atenção voluntária, pensamento abstrato, comportamento intencional...). Por isso, segundo Vygotsky, quem dá a condição para a aprendizagem é o convívio sociocultural, a interação do "eu" com o outro. Em outras palavras, a aprendizagem é o carro-chefe do desenvolvimento, é ela que precede, induz e conduz o desenvolvimento e o faz ao estimular vários processos neurobiológicos internos. Vygotsky se embasou no materialismo dialético como concepção filosófica, ao  defender que o indivíduo tanto modela a sociedade e sua cultura, quanto é modelado por ela, ou seja, o desenvolvimento ocorre em uma relação dialética entre o psicológico e o social. Resumindo, o desenvolvimento individual é entendido como um embate entre o psiquismo (mundo interno) e o ambiente sociocultural  (mundo externo), ou seja, o psiquismo reelabora constantemente as relações reais entre as pessoas, as quais, por sua vez, o impulsionam a retrabalhar a si próprio. Assim, ao longo da vida, a pessoa torna-se para si aquilo que ela é em si, por meio do que representa para os outros. Nessa visão, o desenvolvimento individual caminha do social para o individual e do individual para o social sucessivamente (movimento pendular).

Ele destaca a linguagem como instrumento de mediação e base para a formação da subjetividade humana e a memória como uma das funções psíquicas mais importantes para o processo de aprendizado. A linguagem exerce um papel fundamental na relação do indivíduo com a cultura no meio onde vive. Como instrumento simbólico, libera a criança da necessidade do objeto concreto e possibilita a criação e a imaginação da criança, sendo fator decisivo para o desenvolvimento dos processos cognitivos de memória, percepção, atenção, pensamento abstrato, imaginação e resolução de problemas. 

Brincando com veículos de brinquedo
Menino asiático

O brincar é uma atividade que potencializa o crescimento desses processos e o desenvolvimento da criança. O brincar é visto como uma possibilidade de provocar e estimular o desenvolvimento de uma criança. Permite que a criança absorva conceitos do meio social e também modifique suas funções psicológicas (atenção, percepção, memória, linguagem, imaginação, entre outros). Vygotsky dá grande destaque ao ato de brincar no processo de aprendizagem e desenvolvimento, pois cria  o que ele denominou de “zona de desenvolvimento proximal”. O conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) representa a distância entre o nível de desenvolvimento real e atual da criança (determinado através da solução real de problemas) e o nível de desenvolvimento potencial (determinado através da melhor solução de problemas possível). No ato de brincar, a criança sempre procede além do comportamento habitual de sua idade, como se ela fosse maior do que é na realidade. 

Comparação dos pensamento de Piaget e Vygostky em relação ao desenvolvimento cognitivo

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Henri Wallon

Wallon (Henri Wallon, 1879-1962)

Sua teoria, considerada como a "psicogênese da pessoa humana", trata de compreender o desenvolvimento a partir do processo de como o sujeito se constitui pessoa, destacando a integração entre razão e emoção. O desenvolvimento humano ocorre na dinâmica de reciprocidade entre o indivíduo e o ambiente, sendo, essa relação, específica para cada faixa etária. São múltiplos os aspectos do ambiente: o espaço físico, as pessoas mais próximas, a linguagem, aspectos de cada cultura etc. Conforme a idade e as suas necessidades, a criança vai interagindo com um ou outro aspecto no plano afetivo, cognitivo e social. O fator biológico é muito determinante no início, mas gradativamente vai cedendo lugar ao social, já que a estrutura orgânica necessita da atuação da cultura para evoluir.

 

O desenvolvimento infantil é marcado por etapas sucessivas com duração e idades variáveis, marcadas por significativas mudanças evolutivas e alternância entre pensamento e afetividade (alternância funcional). Nesse processo, as emoções ganham papel fundamental, operando a passagem do mundo biológico para o social, do plano fisiológico para o psíquico. Características de uma etapa podem eventualmente permanecer em etapas seguintes, resultando em permanentes reorganizações. As transições entre as etapas podem ser marcadas por crises com impacto sobre o comportamento da criança. Segundo Wallon, esses períodos de conflitos são de grande importância para o desenvolvimento.

Estágio impulsivo-emocional

Ao nascer, o recém-nascido não se diferencia do ambiente físico ou social. Essa diferenciação acontece progressivamente à medida que a criança toma consciência do próprio corpo, das pessoas e dos objetos que a rodeiam. Nessa fase, a emoção é o núcleo que move o processo de desenvolvimento. É a afetividade que vai orientar as primeiras relações com as pessoas e com o mundo físico. Na ausência de habilidades necessárias para o autocuidado, o recém-nascido depende completamente do outro e sua primeira comunicação, essencialmente emocional, se dá pelo choro.

Estágio sensório-motor e projetivo

No segundo e terceiro anos de vida, graças aos ganhos na motricidade, a criança dedica-se à exploração do mundo físico, adquirindo certa autonomia no manejo de objetos e deambulação. Outro ganho significativo é o desenvolvimento da função simbólica e da linguagem. O pensamento, ainda incipiente, se manifesta por meio de movimentos, ou seja, a criança projeta muito de seu pensamento por meio de gestos. Nesse período são as relações cognitivas (razão) que predominam, havendo uma aceleração do desenvolvimento mental. Porém a personalidade da criança ainda se encontra ligada aos objetos e situações do ambiente familiar.

Bebê fofo

Estágio do personalismo

De três a seis anos o processo de formação da personalidade adquire elementos fundamentais. A construção da consciência de si nas relações com o meio no qual está inserida, vai redirecionar o interesse da criança para as outras pessoas e reorientar suas relações afetivas. É uma fase marcada por conflitos, na busca de diferenciar seu “eu” dos outros. Esse momento é marcado por comportamentos de oposição aos adultos e uso frequente do “não”. Por outro lado, a criança deseja que tudo e todos com quem ela se relaciona pertençam a elas. A função simbólica se desenvolve ampliando a imaginação e a criatividade.  É relativamente comum a criança, nesse período, imitar as pessoas com quem se identifica.

Estágio categorial

Por volta dos seis anos, a partir dos ganhos e avanços nos estágios anteriores, ocorrem importantes avanços no âmbito da inteligência. Predomina a função cognitiva. O interesse da criança se volta ao conhecimento das coisas, origens e finalidades, enfim,  para  a explicação  da realidade.   Aqui,  a  criança  aprimora  a  capacidade  de  abstração e  evolui  da  imitação  para  a representação e já consegue representar em sua mente pessoas, objetos e situações que não estão presentes.

Estágio da adolescência

Este estágio, marcado por novos conflitos, retoma a predominância afetiva e definição da personalidade. A adolescência é marcada pelas mudanças corporais e pela busca de afirmação e identidade. Conquistas afetivas e sociais também marcam esse período. A maturidade será alcançada à medida que o adolescente desenvolve sua capacidade de manter o controle sobre suas emoções.

Amigos da faculdade
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