VACINA DUPLA (dT) E TRÍPLICE ACELULAR (dTpa)
(tipo "adulto")
Vacinas Tipo Adulto contra Difteria, Tétano e Pertussis / contra Difteria e Tétano
Apresentação
A vacina adsorvida difteria e tétano adulto (dT) é apresentada sob a forma líquida em frasco monodose ou multidose. A vacina adsorvida difteria, tétano e pertussis adulto (dTpa) é apresentada em frascos monodose.
Indicação
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A vacina dT protege contra difteria e tétano. É indicada para a vacinação de crianças nas quais o componente petussis é contraindicado e para reforços em crianças a partir de 7 anos, adolescentes e adultos. Indicada na gestação para prevenção do tétano neonatal
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A vacina dTpa protege contra difteria, tétano e pertussis. É indicada para vacinação de reforço a partir de 7 anos de idade. Na gestante, uma dose em toda gestação, a partir de 28 semanas, ideal com 32 semanas de gestação. Em situações especiais pode ser feita a partir de 20 semanas.
Composição
Vacina dT: Suspensão injetável 0,5 ml composta por toxoides diftérico e tetânico. Contém adjuvante hidróxido de alumínio, conservante timerosal e solução fisiológica. Tem concentração do toxoide diftérico menor que a apresentação do tipo infantil. Ambas as apresentações contêm a mesma dose de toxoide tetânico.
Vacina dTpa: Suspensão injetável 0,5 ml composta por toxoide diftérico e tetânico combinada com componentes da Bordetela pertussis. Contém adjuvante hidróxido de alumínio e conservante timerosal. Atualmente dois laboratórios produzem a vacina dTpa que são semelhantes nos componentes tetânico e diftérico, mas diferem nos componentes da B. pertussis:
Refortrix (R): Laboratório Glaxo SmithKline
Adacel (R): Laboratório Sanofi-Pasteur
Contraindicações
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Estão contraindicadas nas situações gerais já referidas.
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Indivíduos com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da sua fórmula nem a indivíduos que já tenham apresentado sinais de hipersensibilidade após administração de vacinas contra difteria, tétano ou coqueluche.
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Indivíduos que já tenham apresentado encefalopatia de etiologia desconhecida nos sete dias seguintes a utilização de vacina que contém pertussis. Nestas circunstâncias, a vacinação contra pertussis deve ser descontinuada e o curso de vacinação deve continuar com as vacinas contra difteria e tétano.
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Indivíduos que tenham apresentado trombocitopenia transitória após o uso da vacina.
Esquema, dose e aplicação
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O volume da vacina a ser administrado é de 0,5 mL por via intramuscular profunda.
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A vacina dT é administrada abaixo de 7 anos de idade para crianças que têm contraindicação ao componente pertussis
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A vacina dT é administrada a partir de 7 anos de idade para os reforços, ou para pessoas com esquema incompleto ou não vacinados:
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com esquema vacinal completo: administre uma dose a cada 10 anos;
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com esquema incompleto: complete o esquema;
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sem comprovação vacinal: administre três doses com intervalo de 60 dias (mínimo de 30 dias).
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Em todos os casos, após completar o esquema, é necessário administrar uma dose de reforço a cada 10 anos.
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A vacina dTpa não é indicada para o esquema primário de vacinação, devendo ser utilizada uma única vez como reforço em substituição a uma das doses da vacina dT.
Eventos Adversos
Dor no local da aplicação, eritema e edema. A maioria das reações locais ocorrem dentro de 3 dias após a vacinação e a sua média de duração foi inferior a 3 dias. As reações sistêmicas mais frequentes são cefaléia, fadiga, adinamia, decréscimo de energia. Estas reações são geralmente passageiras e de intensidade leve a moderada.
Profilaxia do Tétano Acidental
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O C. tetani é normalmente encontrado na natureza, sob a forma de esporo, podendo ser identificado no solo, fezes, terra, galhos, arbustos, águas contaminadas, poeira das ruas, trato intestinal dos animais...
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Quando o indivíduo sofre um ferimento traumático com comprometimento da integridade da pele, a infecção pode ocorrer pela introdução de esporos do C. tetani na profundidade da pele e mucosas (ferimentos superficiais ou profundos de qualquer natureza). Em condições favoráveis de anaerobiose, os esporos se transformam em formas vegetativas, que são responsáveis pela produção de toxinas – tetanolisina e tetanopasmina.
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A presença de tecidos desvitalizados, corpos estranhos, isquemia e infecção contribuem para diminuir o potencial de oxirredução e, assim, estabelecer as condições favoráveis ao desenvolvimento do bacilo.
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O esquema profilático a ser empregado irá depender do estado vacinal prévio e da localização, profundidade e extensão de ferimento.
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Coordenação-Geral de Desenvolvimento da Epidemiologia em Serviços. Guia de Vigilância em Saúde : volume único. 3ª. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
Soro antitetânico
O soro antitetânico (SAT) é preconizado para a prevenção e o tratamento do tétano. A sua indicação depende do tipo e das condições do ferimento, bem como das informações relativas ao uso anterior do próprio SAT e do número de doses da vacina contra o tétano recebido anteriormente. É apresentado na forma líquida, em ampolas de 2mL (5.000UI), 5mL (5.000UI) ou 10mL (10.000 ou 20.000UI). O SAT tem origem heteróloga (soro heterólogo de cavalo), com meia-vida menor que 14 dias.
Imunoglobulina humana antitetânica
É apresentada sob a forma líquida ou liofilizada, em frasco-ampola de 1mL ou 2mL, contendo 250UI. A imunoglobulina humana antitetânica (IGHAT) tem meia-vida de 21 a 28 dias, em indivíduos sem imunização prévia. A IGHAT está indicada para:
Recém-nascidos prematuros com lesões potencialmente tetanogênicas, independentemente da história vacinal da mãe.
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Indivíduos que apresentaram algum tipo de hipersensibilidade quando da utilização de qualquer soro heterólogo (antitetânico, antirrábico, antidiftérico, antiofídico, entre outros);
- Indivíduos imunodeprimidos, nas indicações de imunoprofilaxia contra o tétano, mesmo que vacinados. Os imunodeprimidos deverão receber sempre a IGHAT no lugar do SAT, devido à meia-vida maior dos anticorpos;
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Recém-nascidos em situações de risco para tétano cujas mães sejam desconhecidas ou não tenham sido adequadamente vacinadas;
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Deve ser realizada com a vacina dupla tipo adulto (dT – contra a difteria e o tétano), nas mulheres que não têm vacinação prévia, ou têm esquema vacinal incompleto. De acordo com protocolo do PHPN, a gestante pode ser considerada imunizada com, no mínimo, duas doses da vacina antitetânica, sendo que a segunda dose deve ser realizada até 20 dias antes da data provável do parto. Esquema básico de vacinação durante a gestação : consta de três doses, podendo ser adotado um dos esquemas abaixo:
Profilaxia do Tétano Neonatal
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A prevenção do tétano neonatal se dá por meio da garantia de atenção pré-natal de qualidade com vacinação das gestantes, do atendimento higiênico ao parto, com uso de material estéril para o corte e clampeamento do cordão umbilical e do curativo do coto umbilical, utilizando solução de álcool a 70%.
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Vacinação da gestante: a vacinação das mulheres em idade fértil (10 a 49 anos), gestantes e não gestantes, é medida essencial para a prevenção do tétano neonatal.
Alguns aspectos epidemiológicos do Tétano, Difteria e Pertussis
Difteria
Agente Etiológico
Modo de Transmissão
Período de Incubação
Transmissibilidade
Imunidade
Corynebacterium diphtheriae – bacilo gram positivo
Contato direto com doente ou portador apresentando exsudato ou secreções respiratórias
Um a seis dias
Enquanto houver bacilos virulentos nas secreções ou lesões. Com o tratamento antibiótico, a transmissibilidade cessa em 48 horas.
Pela vacina, imunidade prolongada. Pelo soro anti-diftérico, efeito temporário de curta duração. Por anticorpos maternos: filhos de mãe imunes, apresentam imunidade nos primeiros meses de vida. A infecção natural não confere imunidade permanente
Tétano
Agente Etiológico
Modo de Transmissão
Período de Incubação
Transmissibilidade
Imunidade
Clostridium tetani – Bacilo gram positivo anaeróbio
Contaminação de ferimentos com esporos do C. tetani
Contaminação do coto umbilical (tétano neonatal)
Dois a 21 dias, variando com a localização, extensão e o tipo de ferimento.
Não se transmite pessoa-a-pessoa.
Pelo soro ou imunoglobulina anti-tetânica (imunidade temporária). A doença natural não confere imunidade
Pertussis
Agente Etiológico
Modo de Transmissão
Período de Incubação
Transmissibilidade
Imunidade
Bordetella pertussis - bacilo gram-negativo, aeróbio
Pessoa-a-pessoa por meio de secreções respiratórias, particularmente na fase catarral (início da doença)
Seis a 14 dias
Maior transmissibilidade na fase catarral da doença, diminuindo nas três semanas seguintes quando já se torna insignificante.
Pela doença natural e pela vacina
BIBLIOGRAFIA DE REFERÊNCIA
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento do Programa Nacional de Imunizações. Coordenação-Geral de Incorporação Científica e Imunização. Instrução Normativa do Calendário Nacional de Vacinação 2024. Brasília, 2024.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento do Programa Nacional de Imunizações. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação. 2. ed. rev. Brasília: Ministério da Saúde, 2024. 294 p. il.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente. Departamento de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis. Manual dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais. 6. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2023. 176 p.: il.
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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Imunizações e Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação. 4. ed. atual. Brasília: Ministério da Saúde, 2021. 340 p. il.