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MANEJO DA CRIANÇA COM DENGUE

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Manejo da Criança com Dengue 

Introdução

 

A dengue é uma doença febril aguda, causada pelos arbovírus da família Flaviviridae, gênero Flavivirus, que inclui quatro sorotipos no ciclo humano: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4. Os vírus da dengue são transmitidos por mosquitos do gênero Aedes (principalmente o Aedes aegypti). A dengue apresenta um padrão endêmico no Brasil, embora tenha comportamento sazonal, com aumento significativo do número de casos nos períodos quentes e chuvosos do ano. 


A doença pode ser assintomática, oligossintomática ou pode evoluir com sinais e sintomas intensos, podendo progredir para formas graves, com hemorragia, choque, disfunção de órgãos e óbito. Esse aspecto dinâmico da doença reforça a importância do diagnóstico precoce e acompanhamento do paciente com dengue. A existência de protocolo baseado em evidências científicas, permite a classificação de risco e o estadiamento clínico. Dessa forma, essas diretrizes favorecem a identificação oportuna e o tratamento precoce dos quadros que apresentam complicações ao longo do curso clínico da doença. As complicações mais temidas são o extravasamento de plasma e hemorragias, que podem levar o paciente ao choque com disfunção de órgãos vitais e óbito. O choque resultante do extravasamento plasmático, pode estar associado ou não a hemorragia. No tratamento da dengue complicada, há de se ter cuidado com o manejo hidroeletrolítico do paciente, considerando a necessidade de hidratação por um lado, mas também o risco de sobrecarga hídrica na fase de recuperação. 

A dengue pode evoluir em três fases clínicas: a fase febril, fase crítica e fase de recuperação. 

Fase febril

A fase febril coincide com o pico da viremia e dura, em média, três ou quatro dias e suas principais manifestações são:

  • Febre (início abrupto, pode variar de dois até sete dias e em geral é elevada (39°C a 40°C). 

  • Cefaleia e dor retro-orbitária

  • Adinamia, astenia

  • Mialgias

  • Artralgias 

  • Hiporexia

  • Náuseas e vômitos 

  • Diarreia (fezes pastosas ou semipastosas)

  • Exantema (ocorre aproximadamente em 50% dos casos) do tipo maculopapular, céfalo-caudal, incluindo plantas de pés e palmas de mãos, podendo ser pruriginoso ou não pruriginoso.

 

Nos lactentes, as manifestações dolorosas podem se apresentar como períodos de choro frequente, irritabilidade, alterações do sono, alterações de comportamento.

Na fase febril, pode haver desidratação, mas, em geral, as plaquetas e o hematócrito ainda se encontram normais ou discretamente alterados. Após a fase febril, grande parte dos pacientes se recupera progressivamente, com melhora completa dos sintomas.

Fase Crítica

- Dengue com sinais de alarme

- Dengue grave

 

A fase crítica começa, geralmente, com o declínio da febre e pode ocorrer entre o terceiro e o sexto dia de doença. Embora nem todos os pacientes apresentem manifestações clínicas nessa fase, é nela que o paciente pode apresentar sinais de alarme e evoluir para as complicações que caracterizam a dengue grave. O hematócrito se eleva e a queda no número de plaquetas se acentua. Em função desse risco, os pacientes nessa fase devem receber cuidados clínicos, orientação e acompanhamento atento.

 

Dengue com sinais de alarme

Os sinais de alarme, em geral, são resultantes do aumento da permeabilidade vascular, com maior risco de evolução desfavorável  para o choque por extravasamento plasmático, hemorragia e disfunção de órgãos. Os principais sinais de alarme são:

  • Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua.

  • Vômitos persistentes.

  • Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico).

  • Hipotensão postural ou lipotimia.

  • Hepatomegalia >2 cm abaixo do rebordo costal.

  • Sangramento de mucosa.

  • Letargia e/ou irritabilidade.

Dengue Grave

O quadro de dengue grave se caracteriza pela presença de complicações, principalmente pelo severo extravasamento plasmático e é marcado por:

  • Choque

  • Hemorragia 

  • Disfunção de órgãos (coração, pulmões, rins, fígado e sistema nervoso central...)

  • Agravamento do acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico)

  • Aumento do hematócrito 

  • Redução dos níveis de albumina 

- Choque

 

Ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido por meio do extravasamento plasmático ou sangramento, o que ocorre mais comumente entre o quarto ou quinto dia de doença, (variando do terceiro ao sétimo dia), geralmente precedido por sinais de alarme.

Diversos mecanismos interagem para levar à perda de líquido do compartimento intravascular para o interstício, culminando em choque:

  • Células do sistema mononuclear fagocitário infectadas pelo DENV liberam citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, IL-6 e IFN-γ) que ativam a via da ciclooxigenase com maior produção de prostaglandinas, fragilizando a estrutura das junções intercelulares endoteliais e abrindo espaços entre elas.

  • Citocinas pró-inflamatórias estimulam as células endoteliais na produção de óxido nítrico promovendo vasodilatação.

  • Ligação de anticorpos com o DENV, formam imunocomplexos capazes de ativar o sistema complemento com formação de anafilotoxinas que aumentam a permeabilidade endotelial e estimulam a degranulação dos mastócitos, liberando mediadores inflamatórios como histamina e leucotrienos.

 

Essa resposta inflamatória exacerbada, incluindo outros mecanismos moleculares complexos aumentam a permeabilidade vascular, favorecendo o extravasamento plasmático.

 

O período de extravasamento plasmático leva de 12 a 48 horas. O paciente precisa ser monitorizado quanto às rápidas alterações hemodinâmicas:

  • Nível de consciência (avaliar pela escala de Glasgow ou outra): o paciente pode alternar períodos de irritabilidade e agitação com rebaixamento do nível de consciência.

  • Perfusão periférica (tempo de enchimento capilar): nas formas mais graves, acima de 5 segundos e presença de livedo reticular cutâneo.

  • Temperatura das extremidades: extremidades frias

  • Amplitude e intensidade dos pulsos periféricos: pulsos periféricos filiformes ou ausentes

  • Frequência cardíaca: taquicardia (ver Sinais vitais)

  • Pressão arterial: hipotensão arterial abaixo do percentil 5 (ver Sinais vitais)

  • Frequência respiratória (ver Sinais vitais): a frequência respiratória pode aumentar inicialmente devido a formação de derrame pleural ou por acidose metabólica.

 

Quando prolongado, o choque leva à hipoperfusão com progressiva disfunção de órgãos vitais, acidose metabólica, coagulação intravascular disseminada e hemorragia grave.

- Disfunção de órgãos vitais

 

O comprometimento dos órgãos pode ocorrer por diferentes processos:

  • Hipoperfusão devido ao choque

  • Ação direta do DENV

  • Resposta do sistema imunológico e ativação da cascata inflamatória.

 

Os principais órgãos e sistemas afetados na dengue grave são:

Fígado

A dengue pode cursar com quadro de hepatite  em cerca de 50% dos pacientes, com sintomas como fadiga, náuseas, vômitos, dor abdominal. A hepatite na dengue é um quadro reversível e se caracteriza laboratorialmente por leve a moderada elevação de aminotransferases. Excepcionalmente, pode evoluir com grave comprometimento da função hepática (elevação de aminotransferases em dez ou mais vezes o valor de referência), incluindo elevação do tempo de protrombina e redução de albumina.

 

Coração

Pode ocorrer comprometimento cardíaco na dengue grave, inclui quadros de insuficiência cardíaca, miocardite, pericardite, arritmias e choque cardiogênico. Podem ocorrer alterações eletrocardiográficas (inversão de onda T e segmento ST), elevação de enzimas cardíacas (troponina, CK-MB, BNP) e redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo. 

 

Sistema Nervoso

As complicações neurológicas da dengue não são frequentes, mas podem ser graves. O envolvimento do sistema nervoso pode ocorrer no período febril ou mesmo no período de recuperação. São relatadas diferentes formas clínicas, incluindo:

  • Meningite linfomonocítica 

  • Encefalite 

  • Polirradiculoneurite 

  • Síndrome de Guillain-Barré

  • Acidente vascular encefálico 

As manifestações mais comuns dos quadros de meningoencefalite são febre, cefaleia, vômitos, sinais de irritação meníngea, fotofobia, irritabilidade, rebaixamento do sensório, convulsões. Esses quadros podem ser causados por ação direta do vírus da dengue ou pela resposta imune à infecção.

 

A síndrome de Guillain-Barré pode se manifestar por dor intensa nos membros, parestesia, paresia e paralisia flácida aguda, diminuição ou abolição de reflexos osteotendinosos, com evolução progressiva e ascendente. Manifestações disautonômicas como taquicardia sinusal, bradicardia, hipertensão ou hipotensão, diaforese, entre outras, também podem ocorrer.

Pulmões

Síndrome da angústia respiratória aguda (SARA): Pode ocorrer na fase crítica da doença, quando há uma resposta inflamatória exacerbada, resultando em edema pulmonar e insuficiência respiratória grave. 
Pleurite e derrame pleural.
Pneumonite: processo inflamatório do parênquima pulmonar.

Rins

Lesão renal aguda pode ocorrer em casos de dengue grave devido à diminuição do fluxo sanguíneo renal e inflamação. Os pacientes podem apresentar oligúria ou anúria, hematúria, proteinúria, aumento dos níveis séricos de creatinina e distúrbios eletrolíticos.

Fase de Recuperação

Alguns pacientes podem apresentar exantema máculo papular difuso, em geral céfalo caudal, acompanhado ou não de prurido. Na fase de recuperação ou convalescença ocorre reabsorção gradual do conteúdo extravasado na fase crítica, com melhora clínica progressiva. Há de se monitorar o balanço hídrico do paciente (hidratação x diurese x peso diário), pois nessa fase pode ocorrer hipervolemia e sobrecarga cardiocirculatória. Um outro aspecto ao qual se deve estar atento, é o risco de infecção bacteriana secundária nessa fase, com retorno da febre e piora clínica do paciente. 

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Definição dos casos de dengue

Casos suspeitos de dengue

  • Febre, entre dois e sete dias de duração e duas ou mais das seguintes manifestações: náusea, vômitos; exantema; mialgia, artralgia; cefaleia, dor retro-orbital; petéquias; prova do laço positiva e leucopenia. 

  • Quadro febril agudo, entre dois e sete dias de duração e sem foco de infecção aparente.

Casos confirmados de dengue

Os casos suspeitos de dengue podem ser confirmados cotidianamente por exames laboratoriais:

  • Presença de proteína NS1 reagente (nos primeiros cinco dias de doença)

  • Detecção de anticorpos IgM ELISA (a partir do sexto dia de doença)

 

Casos suspeitos de dengue com sinais de alarme

Quadro de dengue que apresenta um ou mais dos seguintes sinais de alarme: dor abdominal intensa e contínua; vômitos persistentes; acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); hipotensão postural e/ou lipotimia; hepatomegalia; sangramento de mucosa; letargia e/ou irritabilidade; aumento progressivo do hematócrito.

Casos suspeitos de dengue grave

É todo caso de dengue que apresenta uma ou mais das seguintes condições:

  • Choque ou desconforto respiratório em função do extravasamento grave de plasma; choque evidenciado por taquicardia, pulso débil ou indetectável, taquipneia, extremidades frias e tempo de perfusão capilar >2 segundos e pressão diferencial convergente <20 mmHg, indicando hipotensão em fase tardia.

  • Sangramento grave como por exemplo hematêmese, melena, metrorragia volumosa e sangramento do SNC.

  • Comprometimento grave de órgãos, como por exemplo hepatite com enzimas AST/ALT acima de 1.000, comprometimento neurológico, cardíaco, entre outros.

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Prova do Laço

  • Insuflar o manguito no tamanho adequado à faixa etária da criança, até o valor médio da pressão arterial [(PS + PD) / 2] e manter durante 3 minutos.

  • Desenhar um quadrado com 2,5cm de lado no antebraço e contar o número de petéquias formadas dentro dele.

  • A prova será positiva se houver 10 ou mais petéquias na área do quadrado.

Estadiamento clínico

 

O estadiamento da dengue é importante para determinar a gravidade da doença e o tipo de manejo clínico que o paciente necessita. Os estágios da dengue são classificados em dengue sem sinais de alarme, dengue com sinais de alarme e dengue grave, de acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde.

Grupo A - Dengue SEM sinais de alarme

  • Ausência de sinais de alarme

  • Ausência de sangramento de pele

  • Ausência de condição clínica especial, risco social ou comorbidade

Grupo B - Dengue SEM sinais de alarme (COM sangramento de pele, condição especial, risco social ou comorbidade)

  • Ausência de sinais de alarme.

  • Presença de sangramento de pele.

  • Presença de condição clínica especial, risco social ou comorbidade (em pediatria, destacam-se: faixa etária abaixo de dois anos, hipertensão arterial, cardiopatias graves, diabetes mellitus, displasia broncopulmonar, asma, obesidade, doenças hematológicas crônicas, doença renal crônica, hepatopatias e doenças autoimunes).

 

Grupo C - Dengue COM sinais de alarme

  • Presença de sinais de alarme: dor abdominal intensa e contínua; vômitos persistentes; acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico); hipotensão postural e/ou lipotímia; hepatomegalia >2 cm abaixo do rebordo costal; sangramento de mucosa; letargia e/ou irritabilidade; aumento progressivo do hematócrito.

  • Ausência de sinais de gravidade.

Grupo D - Dengue Grave 

  • Presença de sinais de choque (taquicardia; extremidades frias; pulso fraco e filiforme; perfusão periférica lentificada (> 2 segundos); hipotensão arterial (fase tardia do choque); oliguria (<1,5 mL/kg/h); taquipneia; cianose (fase tardia do choque); acúmulo de líquidos, insuficiência respiratória).

  • Hemorragia grave.

  • Disfunção grave de órgãos (fígado, coração, SNC, pulmões, rins).

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Manejo da Criança com Dengue

Grupo A

Dengue SEM sinais de alarme

  • Prescrever paracetamol ou dipirona para dor e febre

  • Orientar repouso e prescrever hidratação oral:

     - até 10 kg: 130 mL/kg/dia;

     - entre 10 kg e 20 kg: 100 mL/kg/dia;

     - acima de 20 kg: 80 mL/kg/dia.

(Oferecer 1/3 do volume na forma de soro de reidratação oral, e os 2/3 restantes por meio da oferta de água, sucos e chás).

  • Orientar o paciente a procurar imediatamente o serviço de urgência, em caso de sangramentos ou surgimento de sinais de alarme.

  • Reavaliação clínica quando cessar a fase febril ou no quinto dia de doença, o que ocorrer primeiro.

 

Grupo B

Dengue SEM sinais de alarme (com sangramento de pele, condição especial, risco social ou comorbidade)

  • Solicitar exames complementares (hemograma para avaliação do hematócrito, leucometria e plaquetas, além de outros exames a serem indicados de acordo com a comorbidade presente ou a critério médico). O paciente deve permanecer em acompanhamento e observação, até o resultado dos exames solicitados. Em caso de hematócrito normal, o tratamento é ambulatorial com reavaliação diária, até 48 horas após a queda da febre, ou imediata em caso de sinais de alarme. Se hematócrito elevado: grupo C.

  • Prescrever paracetamol ou dipirona para dor e febre

  • Orientar repouso e prescrever hidratação oral:

     - até 10 kg: 130 mL/kg/dia;

     - entre 10 kg e 20 kg: 100 mL/kg/dia;

     - acima de 20 kg: 80 mL/kg/dia.

(Oferecer 1/3 do volume na forma de soro de reidratação oral, e os 2/3 restantes por meio da oferta de água, sucos e chás).

  • Orientar o paciente a procurar imediatamente o serviço de urgência, em caso de sangramentos ou surgimento de sinais de alarme. 

  • Reavaliação clínica diária, até 48 horas após a queda da febre.

Grupo C

Dengue COM sinais de alarme

  • Esses pacientes devem ser hospitalizados até a completa estabilização clínica e laboratorial (no mínimo por 48 horas).

  • Iniciar a etapa de expansão imediatamente: 10 mL/kg/hora de soro fisiológico a 0,9% até normalização do hematócrito. 

  • Monitorar os sinais vitais, PA, e avaliar diurese (desejável > 1 mL/kg/h).

  • Prescrever medicamentos sintomáticos: dipirona ou paracetamol para febre e dor; prescrever ondansetrona para vômitos incoercíveis.

  • Após a resposta clínica à etapa de expansão e normalização do hematócrito, iniciar hidratação venosa de manutenção.

  • Realizar exames complementares obrigatórios: hemograma completo; dosagem de albumina sérica e transaminases. Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade, como glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, tempo de atividade de protrombina, entre outros a critério médico.

  • Os exames de imagem recomendados são radiografia de tórax, ecocardiograma e ultrassonografia de abdômen para avaliar a presença de derrames cavitários.

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Manejo da Criança com Dengue Grave

Grupo D

Dengue Grave

  • Acesso vascular, oxigenoterapia, monitoramento contínuo. Avaliação primária da criança gravemente enferma (A-B-C-D-E).

  • Reposição volêmica: iniciar imediatamente a fase de expansão parenteral com soro fisiológico a 0,9% (20 mL/kg em 20 minutos). Repetir a fase de expansão até três vezes, conforme avaliação clínica. O acompanhamento da reposição volêmica é feito pelo hematócrito, pela diurese e pela avaliação dos sinais vitais. 

  • Reavaliação clínica a cada 15 a 30 minutos e do hematócrito a cada 2 horas.

  • Permanecer em leito de terapia intensiva até estabilização (mínimo de 48 horas) e, após a estabilização, permanecer em leito de enfermaria.

  • Realizar exames complementares: hemograma completo; dosagem de albumina sérica e transaminases. Radiografia de tórax (PA, perfil e incidência de Hjelm-Laurell), ultrassonografia de abdômen e ecocardiografia. Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, tempo de protrombina.

 

Resposta adequada: Se houver melhora clínica e laboratorial após a fase de expansão, retornar para o Grupo C e seguir a conduta recomendada.


Resposta inadequada: na ausência de resposta, caracterizada pela persistência do choque, deve-se avaliar:

  • Se o hematócrito estiver em ascensão após a terceira expansão, infundir albumina 0,5 g/kg a 1 g/kg (preparar solução de albumina a 5% (Calcular o volume de albumina 20% e diluir na proporção de 1 parte de albumina para 3 partes de SF 0,9%. Ex.: para cada 100 mL dessa solução, usar 25 mL de albumina a 20% e 75 mL de soro fisiológico a 0,9%). 

  • Se o hematócrito estiver em queda mas houver persistência do choque, investigar hemorragia e avaliar a coagulação.

 

Hemorragia:

  • Na presença de hemorragia: transfundir concentrado de hemácias (10 a 15 mL/kg/dia);

  • Na presença de coagulopatia: avaliar a necessidade de uso de plasma fresco (10 mL/kg), vitamina K endovenosa e crioprecipitado (1 U para cada 5 kg a 10 kg);

  • Considerar a transfusão de plaquetas nas seguintes condições: (1) sangramento persistente não controlado, após correção dos fatores de coagulação e correção do choque; (2) trombocitopenia e INR > 1,5 vez o valor normal

 

Outros sinais de gravidade: Se o hematócrito estiver em queda com resolução do choque, ausência de sangramentos, mas com o surgimento de outros sinais de gravidade, averiguar sinais de desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca congestiva e hiper-hidratação, disfunção neurológica, renal etc. O tratamento dessas condições inclui a redução da infusão de líquido, o uso de diuréticos e drogas inotrópicas, quando necessário, além de outras medidas específicas a cada caso. Se houver disfunção miocárdica, iniciar medicamentos inotrópicos: dopamina (5 a 10 microgramas/kg/min), dobutamina (5 a 20 microgramas/kg/min) ou milrinona (0,5 a 0,8 microgramas/kg/min).

Lembrar que:

  • na fase de extravasamento: necessidade de reposição hídrica

  • na fase de reabsorção plasmática: necessidade de restrição hídrica

 

A infusão de líquidos deve ser interrompida ou reduzida à velocidade mínima:

  • após o término do extravasamento plasmático;

  • quando houver normalização da pressão arterial, do pulso e da perfusão periférica;

  • após redução do hematócrito na ausência de sangramento;

  • com a diurese normalizada e resolução dos sintomas abdominais.

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Dopamina
Apresentação: Ampolas com 10mL = 50 mg

Diluição:
5 ampolas (50 ml = 250 mg) + SG 5% (ou SF 0,9%) 200 ml = 1.000 mcg/ml de dopamina

Dose: 5,0 - 10 mcg/kg/min

Dobutamina
Apresentação: Ampolas com 20mL = 250 mg

Diluição:
1 ampola (20 ml = 250 mg) + SG 5% (ou SF 0,9%) 230 ml = 1.000 mcg/ml de dobutamina

Dose: 5,0 - 20 mcg/kg/min

Milrinona
Apresentação: Frasco com 20mL = 20 mg

Diluição: 
1 ampola (20 ml = 20 mg) + SG 5% (ou SF 0,9%) 80 ml = 200 mcg/ml de milrinona

Dose: 0,5 a 0,8 mcg/kg/min

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